domingo, março 08, 2009

Investigadores portugueses procuram alternativa aos esporões


Uma equipa multidisciplinar de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está desenvolver um sistema inovador de protecção da costa nacional, com estruturas submersas que permitem criar recifes artificiais e a rebentação de ondas adequadas à prática de surf.
Os investigadores começaram por desenvolver uma estrutura computacional adequada para a propagação de ondas e simulação dos efeitos de refracção, empolamento e rebentação das ondas sendo que o projecto em si, consiste na colocação de estruturas submersas junto à costa, cujo material é em geotêxtil, que permite fixar plantas, transformando a zona num recife artificial atractivo para os peixes e propícias à criação de outros ecossistemas marinhos capazes de provocar o rebentamento das ondas mais longe da costa.
Este tipo de estruturas de protecção e valorização da costa tem bons exemplos de aplicação na Nova Zelândia e na costa Este da Austrália, onde uma zona bastante degradada deu lugar a um local procurado para campeonatos mundiais de surf.
Segundo Antunes do Carmo, coordenador do projecto, “a onda rebenta na massa de água, chegando à protecção dunar com um potencial energético muitíssimo reduzido, e é provocada uma rotação que lhe dá características para a prática de surf”. Antunes do Carmo referiu ainda que a solução em estudo surge em alternativa aos esporões, típicos na protecção da costa portuguesa, mas que têm consequências ambientais gravosas, porque ao reter as areias na vertente Norte provocam erosões a Sul. Criticou ainda o facto de a costa portuguesa ter um manancial de oportunidades que não têm sido aproveitadas e tem sido alvo de remendos para resolver, à pressa, problemas imediatos (de protecção)”, sendo que para ele o problema da costa portuguesa advém da falta de um desenvolvimento integrado, havendo demasiadas entidades a intervir na zona costeira, sendo que é necessário haver uma entidade gestora única, para não se promoverem interesses locais.
Por fim, Antunes do Carmo alertou ainda para o impacto que a previsível subida do nível do mar terá na costa portuguesa, caso não sejam tomadas medidas rápidas de prevenção e reabilitação das zonas mais degradadas.
Este projecto, a ser concretizado, poderá ser uma boa noticia para o ordenamento da costa portuguesa e para a resolução de muitos problemas que tem surgido todos os anos, e que já provaram que os esporões não resolvem o problema, apenas o adiam trazendo posteriormente consequências danosas.

Saudações Geográficas
Liliana Azevedo

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