quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Mata Nacional do Choupal VS Novo traçado do IC2


A Mata Nacional do Choupal é um espaço peri-urbano vocacionado para o lazer, o recreio e a manutenção física, para além da vertente Educação Ambiental, sendo de primordial importância para a Cidade de Coimbra.
É um espaço com uma área de 79 hectares pertencente à Direcção Geral do Património cuja gestão, desde o ano de 1989, foi atribuída ao ICN.
A Mata Nacional do Choupal localiza-se junto ao rio Mondego nas freguesias de Santa Cruz e S. Martinho do Bispo, concelho e distrito de Coimbra.
Esta mata está intimamente relacionada com o rio Mondego. Com efeito com a construção, em 1791 pelo Engº Padre Estevão Cabral, do novo traçado deste Rio tornava-se essencial dar estabilidade aos terrenos marginais, pelo que se procedeu à sua reflorestação. Foram utilizadas várias espécies, entre as quais o Choupo (Populus nigra), que devido ao seu crescimento rápido dominou a paisagem durante vários anos, pelo que acabou dando o seu nome a este espaço. A Mata Nacional do Choupal, do ponto de vista fisionómico, apresenta-se como uma floresta caracterizada por um povoamento misto, irregular, de folhosas caducifólias, o que lhe confere características únicas de exploração florestal e de suporte da vida animal.
Não obstante, apesar de tamanha importância ambiental e social, esta mata, segundo notícias recentes, poderá ser amputada, uma vez que o traçado do novo IC2 em Coimbra prevê uma nova ponte sobre o rio Mondego e um viaduto sobre a Mata Nacional do Choupal.
Contudo, o que é de estranhar é que a RAVE (Rede de Alta Velocidade) quando deu a conhecer o novo traçado do TGV em Coimbra, apresentou duas soluções para a travessia do Mondego, ambas entre a Ponte-Açude e a Ponte do Caminho de Ferro, ou seja uma em viaduto e outra em túnel. Dizendo que a solução em túnel é a «melhor», de acordo com técnicos e consultores que intervieram no estudo prévio, uma vez que «terá menos impactos sócio-económicos, menos expropriações, menos demolições». (...) e que (...) no custo global, a construção sob o Rio Mondego não representa custos acrescidos, porque «marginalmente, é mais barata». (...)
O que então se pergunta é: Porque é que não se defenda idêntica solução para a travessia do IC2? O que terá a RAVE a mais que a Estradas de Portugal? Terá mais consciência ambiental? Maior respeito pelas populações? Melhores engenheiros? Melhores gestores? Um pouco de tudo?
É que é difícil entender que existam impedimentos técnicos para o IC2 passar em túnel e tal seja possível para o TGV, ainda para mais tendo a ferrovia maiores condicionantes aos desníveis que as rodovias.
No dia 29 de Janeiro do corrente ano, assistiu-se, na Casa da Cultura, a um debate, onde estiveram presentes diversas figuras públicas, muitas das quais, com maior consciência do que os engenheiros que projectaram este traçado. Deste debate resultaram diversas ideias, mas uma que ficou foi a de “ O Choupal é uma MATA NACIONAL. Funciona como um pulmão que purifica muito do oxigénio de que necessitamos e, dada a dimensão e quantidade de árvores de que é composto, nos cerca de 75 hectares, é mais eficaz que a maioria das árvores dos (poucos) jardins. A Mata é rica e nela habitam colónias de nidificantes (aves), raposas, lontras e muitas outras espécies.”
Se estas razões já por si são válidas para deixar morrer este projecto absurdo, convém realçar que este projecto teve parecer negativo pelas diversas entidades consultadas.
Quando se fala em alterações climáticas, em preservação do ambiente, biodiversidade, porque não foi equacionada uma alternativa que não seja a destruição do Choupal.
O Choupal é um bem público, é de todos nós, foi dos nossos antepassados, e deverá ser das gerações vindouras, a isto chama-se desenvolvimento sustentável, a isto chama-se consciência ambiental…
E escusam de me dizer que o facto de eu não ir ao choupal todos os dias ou pelo menos uma vez por mês, não me dá ao direito de protestar. Sim tenho o direito de achar este projecto um crime ambiental para a cidade, para o país. Tenho o direito de protestar, porque esta mata não serve apenas para lazer, contribui também para que todos tenhamos uma vida mais saudável.
E tenho o direito de protestar porque as gerações vindouras têm o direito a ter qualidade de vida.

Para os efeitos está a decorrer uma petição que é possível assinar aqui :
Petição em Defesa do Choupal
Para informações sobre esta e outras iniciativas que envolvem a defesa da Mata nacional do
Choupal podem ver aqui :
Plataforma do Choupal

Saudações Geográficas
Liliana Azevedo

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