sexta-feira, maio 01, 2009

O paleocartógrafo e o neogeógrafo

Deixo-vos aqui um pequeno texto que achei interessante sobre a profissão de Cartógrafo, Eng.º Geógrafo e Geógrafo e a sua relação com as novas tecnologias dos Sistemas de Informação geográfica. Peço desculpa por estar em brasileiro, mas resolvi postar o texto na íntegra.

O paleocartógrafo e o neogeógrafo

by Marco Antonio Perna (Engenheiro cartografo)

“A primeira vez que ouvi o termo Paleocartógrafo confesso que fiquei indignado, e senti que nossos colegas geógrafos também. Mas o tempo passou e refleti sobre o assunto e posso dizer com orgulho que sim, sou um Paleocartógrafo.
Para não me taxarem de louco, explico então. Paleo dá ideia de algo velho e ultrapassado, mas prefiro interpretar como algo antigo e muito bem embasado. Seguindo esse raciocínio posso afirmar com a maior certeza que um cartógrafo NUNCA será dispensável. Claro que não somos muito mais necessários hoje em dia do que 20 ou 30 anos atrás. Isso apesar da explosão do "geouso", do GPS e do georeferenciamento de tudo. Parece um contrasenso o aumento da demanda de "geo" e o não aumento proporcional de engenheiros cartógrafos utilizados. Precisamos notar que aumentou sim a necessidade do trabalho do engenheiro cartógrafo na produção de mapas, mas o que realmente sofreu um salto colossal foi a demanda por neogeógrafos.
No caso estou definindo neogeógrafos como aqueles profissionais que irão manipular e interpretar a informação geográfica. E eles são em sua maioria profissionais de nível superior, sejam eles biólogos, geólogos, médicos epidemiologistas, agrônomos, administradores de empresa (geomarketing), profissionais de educação e física, nutricionistas e muitos outros.
Eles não atuam no nicho do geógrafo, bem, pelo menos não a maioria. Ocorre que os geógrafos gostariam de abocanhar esse mercado, assim como nós gostaríamos que todos viessem pedir nossa benção e o datum da área. Mas o mundo mudou e o neogeógrafo veio para ficar e ele não precisa da gente para quase nada, pois os softwares atuais fazem todo o trabalho do cartógrafo. Claro que sempre vai ser necessário o profissional de cartografia nas empresas produtoras desses softwares, pena que a maioria, senão todas, estão lá fora.
O geógrafo precisa fortalecer-se nas suas áreas de atuação dominantes e se infiltrar nessas novas áreas. Já o cartógrafo também pode entrar na briga, porém ele se tornará um neogeógrafo...
Qualquer outro profissional que se intitule neogeógrafo e não tenha nível superior não passa de um profissional de nível técnico, embora alguns poucos possam transcender.
Outro profissional que surgiu é o neocartógrafo. Esse sim cheio de si e desmerecendo o engenheiro cartógrafo, pois acham que por saberem programar computadores e geometria eles estão com a vida ganha. Não sei na verdade quanto tempo isso vai durar, mas tenho a sensação de que vão quebrar a cara. Os softwares evoluem, o hardware também, logo, logo o que eles fazem vai ficar obsoleto e eles não terão diferencial para qualquer analista de sistemas. Já o paleocartógrafo sempre será necessário no preparo das bases cartográficas. O nosso mercado é pequeno e cresce muito menos, mas pelo menos estamos garantidos.
Ouvi essa semana o termo analista de geoprocessamento e quem comentou falou que seria um novo profissional. Aí fiquei triste... Na década de 1990 eu me apresentava como analista de geoprocessamento e realmente eu era. Afinal, sou engenheiro cartógrafo de formação, com mestrado em sistemas e computação, ênfase em cartografia automatizada e minha vida toda trabalhei com informática, sendo que meu cargo é analista de sistemas. Sempre me vi no meio do caminho, exatamente a definição de analista de geoprocessamento e posso garantir que ainda somos raros, pois os que estão por aí sempre pendem mais para um lado.”

Saudações Geográficas
Liliana Azevedo